A companhia aérea Gol (GOLL4) divulgou em fato relevante nesta segunda-feira (29) que seu endividamento é de R$ 20,176 bilhões de acordo com o fechamento de dezembro. A companhia deve para mais de 50 mil credores, com o banco BNY Mellon, Aeronáutica, Vibra Energia e Boeing encabeçando a lista, segundo documento obtido em primeira mão pelo jornal “O Globo”.
Para base de comparação, a rival, Latam devia. em 2020, US$ 18 bilhões.
Por volta das 14h50 de hoje, as ações GOLL4 caiam 14%, cotadas a R$ 5,08.
Entre os credores, o maior montante (US$ 539,9 milhões) é devido ao The Bank of New York Mellon (BNY Mellon). Este possui diversos títulos a vencer em diferentes datas.
O Comando da Aeronáutica aparece na sequência da lista protocolada no Tribunal de Falências dos Estados Unidos. A cifra devida ao órgão que comanda as Forças Aéreas Brasileiras é de US$ 222,5 milhões.
A Vibra Energia – que distribui os combustíveis de aviação da Petrobras – é a terceira na fila (US$ 91,5 milhões), seguida pela fabricante de aeronaves Boeing (US$ 15,2 mi) e Infraero – que recebe taxas dos aeroportos públicos (US$ 15 mi).
Para além das concessionárias de aeroportos brasileiros que têm valores a receber, locadoras de veículos, como a Localiza (RENT3) também constam na lista. Veja abaixo:
10 maiores credores da Gol
Credor | Valor em US$ milhões |
BNY Mellon | 539,9 |
Comando da Aeronáutica | 222,5 |
Vibra | 91,4 |
Boeing | 15,2 |
Infraero | 15 |
CFM International | 13,5 |
Concessionária Aeroporto de Florianópolis | 11,9 |
SEC | 9,3 |
Ministério da Fazenda | 7,3 |
Sabre | 5,6 |
Fonte: Registro do Tribunal de Falências dos EUA
Para além das 10 maiores dívidas, a companhia aérea também inclui o programa de milhas Smiles, suas subsidiárias (Gol Finance e GAC), fundos de investimento exclusivos, Banco do Brasil, agência de publicidade “AlmaPBBDO”, empresas de tecnologia do setor aéreo, além de companhias aéreas (Delta e KLM Royal Dutch Airlines).
Apesar de dívidas, resultado operacional é bom
De acordo com agências de risco Fitch e S&P, o maior problema da Gol não é seu resultado operacional, mas sim, a falta de garantias para reestruturas suas dívidas, uma vez que pelo menos US$ 3 bilhões vencem a curto prazo. A companhia carece de caixa para honrar com os compromissos em até 12 meses, apesar de ter registrado um dos melhores resultados operacionais entre a companhias aéreas da América Latina.
“A receita operacional líquida da companhia atingiu recorde histórico de R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 16,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente devido à contribuição significativa das receitas vindas das unidades do programa de fidelidade Smiles e das operações de carga Gollog, que cresceram juntas um total de 65,1% no 3T23 [terceiro trimestre de 2023] (vs. 3T22) e totalizaram R$ 412,6 milhões no período”, aponta a companhia em fato relevante sobre a entrada no Chapter 11.
Ainda assim, a Fitch reduziu as notas em moeda estrangeira e local de “CCC-” para “D” e a nota nacional de “CCC-(bra)” para “D(bra)” – o que segundo a metodologia da casa indica que a empresa não vai cumprir com suas obrigações financeiras atuais.
Já a S&P Global também diminuiu sua nota de crédito global da Gol de “CCC-” para “D” e a nota nacional de “brCCC-” para “D”. Essa classificação acontece quando há um default no pagamento de um compromisso financeiro.
NYSE suspende negociações
Após a companhia e suas subsidiárias entrarem com o pedido do Chapter 11 no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York (Tribunal dos EUA), a New York Stock Exchange (“NYSE”) notificou a Gol que, como resultado do protocolo de petições em 25 de janeiro, foi suspensa a negociação das American Depositary Receipts da Companhia (as “ADSs”), assim como foi pedido o cancelamento da listagem dos papéis pela Securities and Exchange Comission (SEC). O procedimento é usual após a entrada no Chapter 11.
Fonte: Invest News