Sindrome de Boreout: Saiba como ela pode afetar seus colaboradores

Já se sentiu subutilizado no trabalho, por falta de demandas, atividades maçantes, e até mesmo tediosas? Para este sentimento, totalmente inverso a sensação de sobrecarga de atividades, se dá o nome de Síndrome de Boreout.

O nome dessa síndrome, remete ao termo inglês “bore out”, que em português pode significar aborrecer ou suportar, e, também ao termo “boring”, que quer dizer tédio.

Ou seja, a Síndrome de Boreout está diretamente relacionada ao estresse e a ansiedade profunda que a sensação de desvalorização no trabalho pode causar ao colaborador. Por isso, é muito importante que o RH, em conjunto com o médico de Saúde e Segurança do Trabalho, consiga identificar os sinais desta síndrome.

Isso porque, as empresas precisam evitar que o Boreout se torne uma doença ocupacional reconhecida, como já é o caso da síndrome de burnout, que desde 1º de janeiro, se tornou parte da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Pensando nisso, reunimos neste conteúdo algumas informações importantes que você precisa aprender sobre a Síndrome de Boreout. Ao longo deste conteúdo você aprenderá:

Síndrome de Boreout: como surgiu?
O conceito de Síndrome de Boreout surgiu em 2007, quando os autores Philippe Rothlin e Peter Werner lançaram o livro “Boreout! Overcoming workplace demotivation”, que em tradução livre para o português significa “Boreout! Superando a desmotivação no local de trabalho”.

Segundo os autores de “Boreout!”, cerca de 15% dos funcionários de escritório estão a caminho do tédio, que provoca desmotivação no local de trabalho. E, para eles, esses profissionais, totalmente desinteressados, estão sofrendo com a Síndrome de Boreout, um esgotamento oposto ao trabalho excessivo.

O livro de Rothlin e Werner está disponível em inglês, e é leitura obrigatória para os profissionais de RH que querem saber mais sobre a Síndrome de Boreout.

O que é Síndrome de Boreout?
A Síndrome de Boreout, também é conhecida como “trabalhador entediado”. Trata-se do estado de enfado profissional, que tira o entusiasmo e o prazer de atividades cotidianas, e consegue prejudicar o estado psicológico dos trabalhadores.

Essa síndrome, ao contrário da também conhecida síndrome de burnout, que corresponde ao esgotamento físico e mental dos profissionais, costuma ocorrer pela falta de trabalho, desmotivação, e improdutividade dos colaboradores, sendo muito importante que as empresas se atentem aos seus funcionários.

Quais são os motivos, no ambiente de trabalho, que desencadeiam a Síndrome de Boreout?
No geral, a Síndrome de Boreout no trabalho é causada pela falta de estímulos aos profissionais no ambiente de trabalho, e isso pode ocorrer de diversas formas, como:

  • tédio na realização de tarefas repetidas;
  • poucas funções, ou, a falta total delas;
  • falta de reconhecimento por parte dos líderes e gestores;
  • constância em situações conflituosas;
  • limitação ao propor ideias;
  • comunicação interna ruim;
  • clima organizacional ruim;
  • dentre outras situações que devem ser observadas pelos líderes, e principalmente pelo RH.

Quais são os principais sintomas da Síndrome de Boreout?
O boreout pode manifestar sintomas, que em algumas situações podem remeter ao mau-humor, um estado de espírito comum em quem não acorda disposto. Porém, quando esse estado de espírito se torna cotidiano, pode representar um sinal de que algo está errado.

Confira a seguir os principais sintomas que podem ser característicos de profissionais com síndrome de boreout.

Aborrecimento profundo
Nem todo mundo é bem-humorado diariamente, e sabemos que tanto problemas pessoais, como situações profissionais, podem interferir no nosso humor. No entanto, pessoas com a síndrome de boreout passam a sensação de que estão sempre aborrecidas.

Falta de interesse
Outro sintoma comum em pessoas que desenvolvem a síndrome de boreout no trabalho, é a indiferença do profissional na hora de realizar tarefas, ou solicitar demandas. 

Funcionários que sempre parecem desinteressados em aprender algo novo, ou só realizam o mínimo do que lhes é pedido, devem ser observados com atenção. Isso porque, é comum que a falta de interesse represente um sintoma de boreout. 

Como saber se o tédio é crônico?
Explicando brevemente o que é tédio, podemos dizer que se trata da sensação de enfado que algo lento, ou prolongado demais pode causar. Mas, apesar de muitas pessoas acreditarem que o tédio é apenas um estado emocional passageiro, é importante dizer que o tédio pode se tornar crônico.

Segundo a Associação Espanhola de Psiquiatria Privada, situações constantes de tédio e estresse, como irritabilidade, ansiedade, alterações no sono e cansaço extremo, devem ser observadas com atenção, pois podem representar os primeiros sintomas de um estado de espírito, que pode facilmente se tornar um transtorno, ou uma síndrome de boreout.

Como a Síndrome de Boreout pode afetar a vida pessoal do colaborador?
Com a pandemia do COVID-19 e a adoção do home office, muitas pessoas se viram num ambiente conhecido, realizando suas atividades de trabalho. 

O problema é que enquanto algumas pessoas viram trabalho em excesso, outras ficaram totalmente desmotivadas pela redução de jornada.

Além disso, a vida pessoal e a profissional, de uma hora para outra se tornaram uma coisa só, e com o isolamento social, situações de tédio ganharam ainda mais expressão.

Veja abaixo alguns exemplos de como a Síndrome de Boreout pode afetar a vida pessoal dos colaboradores. 

Desenvolvimento de vícios em drogas ou bebidas
Profissionais insatisfeitos e irritados, podem recorrer a vícios em drogas ou bebidas para se distrair. Esse é um hábito comum, que pode se iniciar com o consumo cotidiano de medicamentos, se tornando em uma dependência química ou alcoólica. 

Depressão, ansiedade e outros transtornos
Outros sintomas de Síndrome de Boreout que demandam atenção, estão ligados a atitudes que podem demonstrar que o profissional está com a sua saúde mental comprometida, como situações de muito estresse com os colegas, demonstrações demasiadas de sentimentos, e até mesmo a apresentação de fobias no ambiente de trabalho.

Essas alterações repentinas de humor, podem apontar que o colaborador já está desenvolvendo algum tipo de problema de saúde mental, como depressão, ansiedade, e outros transtornos, que se não forem cuidados, podem resultar em afastamento do profissional de suas atividades.  

Baixa autoestima
Pessoas acometidas pela Síndrome de Boreout, podem desencadear uma baixa autoestima profissional, isso porque, poucas vezes são elogiadas ou parabenizadas pela realização de seus trabalhos.

Esse é um sintoma de boreout que pode facilmente ser contornado quando a empresa tem uma boa cultura organizacional, onde, todos os profissionais são, sempre que possível, elogiados e destacados por seus empenhos.

Síndrome de Boreout e ambiente de trabalho: quais as consequências?
Por se tratar de uma síndrome, algumas empresas podem considerar que casos de boreout devem ser resolvidos medicamente. Porém, esse problema também pode atingir o ambiente de trabalho, e até mesmo se propagar entre os colaboradores, já que é muito comum que os profissionais de uma mesma equipe, partilhem seus problemas uns com os outros.

Nesse sentido, é fundamental que as empresas observem a saúde física e mental dos seus colaboradores, para que as seguintes consequências não se tornem um grande problema de gestão interna, como:

Queda severa na produtividade de um colaborador
Normalmente, profissionais com Síndrome de Boreout sofrem de tédio por possuírem poucas atividades para fazer, e quando, mesmo com poucas tarefas, esses profissionais deixam de ser produtivos, colocam em jogo também a produtividade das empresas.

Clima organizacional
Outro fator que, como já percebemos ao longo do conteúdo, é muito afetado pelo boreout, é o clima organizacional. Isso porque, é muito comum que os empregados compartilhem suas dores com seus colegas, o que pode acabar gerando uma crise no clima organizacional, caso toda uma equipe de trabalho deixe de ser produtiva, e seja acometida pela síndrome. 

Síndrome de Boreout X Síndrome de Burnout: há diferenças?
A diferença entre as síndromes de Boreout e Burnout é bem clara, o que auxilia muito para que os gestores de pessoas identifiquem quais dos problemas seus profissionais têm.

Como já entendemos, a Síndrome de Boreout está ligada a sensação de tédio e enfado que alguma situação pode causar em uma pessoa. Já a Síndrome de Burnout é totalmente o oposto, e está relacionada ao trabalho excessivo, e a exaustão causada por isso.

Apesar da diferença, ambas as síndromes podem desencadear sintomas semelhantes, como a ansiedade, depressão, irritabilidade, baixa autoestima, baixa produtividade e outros.

O que fazer para evitar que o surgimento da Síndrome de Boreout nos seus colaboradores
A primeira coisa que uma empresa deve fazer ao notar casos de Síndrome de Boreout em seus colaboradores, é entender os motivos que levaram ao surgimento da síndrome em seu ambiente.

Depois disso, é importante refletir se o clima organizacional teve relação com o boreout dos profissionais, e então propor algumas soluções para os casos, mas, antes disso, é importante realizar estratégias preventivas, a fim de evitar que a Síndrome de Boreout se torne um problema organizacional. Veja como:

Os incentive a ter um hobby
Hobbies são muito importantes na vida profissional de uma pessoa, isso porque, por meio deles, os profissionais conseguem evitar situações de estresse, e tirar o foco total dos seus pensamentos no trabalho.

Pensando nisso, é importante que os colaboradores sejam estimulados a praticar exercícios físicos, participarem de eventos culturais e outras atividades. Essas práticas podem ser incentivadas com a distribuição de brindes para os profissionais, ou com a disponibilização de benefícios, como vale-academia e vale-cultura.

Comemore os resultados e pequenas conquistas de seus colaboradores
Sabemos que em empresas maiores, comemorar todas as conquistas dos profissionais é um pouco difícil, mas, com um bom gerenciamento de equipes, os líderes podem ser treinados para estimular seus liderados sempre que possível, principalmente quando os colaboradores atingirem metas pré-estabelecidas.

Estabeleça metas realistas para as equipes que envolvam todos os colaboradores
Metas são importantes, pois mostram aos profissionais qual caminho eles precisam trilhar para atingir o sucesso na empresa. Porém, metas muito pequenas podem gerar ociosidade, e estimular o boreout.

É fundamental que as metas de trabalho sejam alinhadas com os colaboradores, dessa forma as empresas conseguem manter sua produtividade e também estimular seus profissionais.

Ofereça auxílio durante o tratamento da Síndrome de Boreout
Médico de Segurança e Saúde do Trabalho não deve ser útil apenas para realizar exames demissionais e admissionais, é fundamental que os profissionais recebam tratamento correto, sempre que apresentarem qualquer tipo de distúrbio ou síndrome, e o profissional indicado para isso, é o médico SST.

Além disso, é importante que a empresa demonstre interesse em auxiliar seus colaboradores, isso demonstra o quanto cada profissional é importante dentro de um ambiente de trabalho.

O que o RH deve fazer para ajudar um colaborador que sofre de Síndrome de Boreout?
Um colaborador desestimulado, pode ser muito prejudicial para diversos ciclos de um empreendimento, pois, esse profissional pode

  • desestimular outros colaboradores;
  • prejudicar a produtividade da empresa;
  • e até transformar um bom clima organizacional em ruim.

Por isso, é fundamental que os líderes estejam bem treinados para notarem casos de Síndrome de Boreout em suas equipes, dessa forma, ficará muito mais fácil para a empresa auxiliar o profissional.

Além disso, é importante que as empresas sempre estimulem seus colaboradores, e esses estímulos podem ser transmitidos com elogios, remuneração, promoções, e diversas outras maneiras, que  ajudam a evitar ou contornar casos de Síndrome de Boreout.

Conclusão
Ao longo deste conteúdo pudemos aprender que a Síndrome de Boreout é motivada por situações de tédio no dia a dia de trabalho dos profissionais, como a falta de tarefas, o trabalho repetitivo, um clima organizacional ruim, dentre outras causas.

Essa síndrome tem se popularizado nos últimos anos, e com a prática do home office em alta, muitas pessoas passaram a sentir um tédio constante ao realizar suas atividades de trabalho,  o que, de modo geral, tem se tornado preocupante, já que em muitos casos o boreout causa a queda de produtividade dos profissionais.

Sendo assim, é muito importante que as empresas tenham lideranças ativas, que ao menor sinal de desinteresse dos profissionais em seus trabalhos, entrem em ação e proponham soluções para reverter situações que possam desenvolver síndromes como o boreout.

 

Fonte: Jornal Contábil