BC eleva estimativa do PIB para 2,3% neste ano

O Banco Central (BC) revisou para cima a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, passando de 1,9% para 2,3%, conforme o relatório de inflação do segundo trimestre divulgado ontem. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 0,8%, ritmo considerado “robusto e superior ao esperado” pelo BC. A instituição também avaliou que as enchentes no Rio Grande do Sul terão um impacto econômico menor do que o inicialmente previsto.

Segundo o relatório, a atividade econômica e o mercado de trabalho no cenário doméstico mostraram-se aquecidos, contribuindo para a redução do desemprego e o aumento dos salários. “Esses fatores justificaram a revisão para cima da projeção de crescimento do PIB em 2024, de 1,9% para 2,3%. Embora as enchentes no Rio Grande do Sul tenham causado uma queda expressiva na atividade econômica local, já há sinais de recuperação”, afirmou o BC.

 

Estimativa do PIB

Em relação ao cenário externo, o Banco Central destaca que o ambiente continua adverso, exigindo cautela dos países emergentes. O relatório menciona que há ainda elevadas incertezas sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre a velocidade de uma queda sustentada da inflação em diversos países.

“Os bancos centrais das principais economias continuam determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”, diz o relatório.

 

Inflação

Para o BC, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 4% em 2024, enquanto a previsão anterior era de 3,5%. O relatório observa que, apesar do recuo na inflação, aumentou a expectativa de desancoragem. No acumulado de 12 meses, o IPCA diminuiu de 4,5% em fevereiro para 3,9% em maio. A inflação também apresentou queda quando observados seus núcleos e a métrica trimestral.

“Contudo, o recuo da inflação no último trimestre foi menor do que o projetado no cenário de referência do relatório anterior (surpresa de +0,14 p.p.), destacando-se a alta mais intensa dos alimentos. Em meio ao aumento das incertezas nos cenários doméstico e externo, as expectativas de inflação para 2025 e 2026, que já estavam acima da meta, aumentaram de 3,5% para 3,8% e de 3,6% para 3,8%, respectivamente, segundo a mediana apurada pela pesquisa Focus”, detalha o documento.

 

Projeções

As projeções do BC indicam um aumento da inflação no segundo trimestre de 2024, seguido por uma retomada da trajetória de declínio, permanecendo, porém, acima do centro da meta, que é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Nesse cenário, a inflação acumulada em quatro trimestres deve terminar 2023 em 4,6%, projetando-se uma queda para 4,0% em 2024, 3,4% em 2025, e 3,2% em 2026, diante da meta de 3%.

O BC destaca, no entanto, que a projeção de inflação para 2024 e 2025 aumentou em relação ao relatório anterior. A elevação para 2024 foi de 0,5 p.p., e para 2025 foi de 0,2 p.p.

“Para o horizonte relevante, o aumento resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, levando a uma elevação no hiato do produto estimado. Contribuíram também o aumento das expectativas de inflação, a depreciação cambial, a inércia do aumento da projeção de curto prazo e a utilização de uma taxa de juros neutra maior. Por outro lado, o aumento da taxa de juros real foi crucial para evitar uma elevação mais significativa na projeção”, conclui o documento.

 

Fonte: Capitalist