O Ibovespa amargou no primeiro semestre de 2024 a maior queda desde 2020 para o período, com baixa de 7,7%. O destaque negativo de ação ficou principalmente para as empresas de voltadas para a economia doméstica com a visão de juros altos por mais tempo, enquanto exportadoras acabaram sendo o destaque positivo com a forte alta do dólar frente o real.
O movimento (com baixa de 19,5% em dólares do Ibovespa, o pior entre os desempenhos globais) ocorreu, conforme destaca a XP, por uma combinação de i) um cenário macro externo volátil, com o mercado reprecificando as expectativas de cortes de taxas pelo Federal Reserve de sete em janeiro para um ou dois atualmente, (ii) incertezas contínuas sobre a política fiscal doméstica, (iii) incerteza em relação à âncora da política monetária, e (iv) maiores interferências do governo nas empresas. Como resultado, investidores de mercado emergentes mudaram seus portfólios para outros países, e foi visto um recorde de R$ 40,7 bilhões em fluxo de saída de investidores estrangeiros na primeira metade do ano.
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Neste cenário, analistas e estrategistas de mercado ficam de olho em quais as tendências para o segundo semestre (e que podem destravar para o Ibovespa) e quais ações podem sair ganhando na segunda metade do ano.
Grande parte das casas, como o JPMorgan e a XP, tem destacado que o mercado procura por catalisadores para o Brasil, uma vez que os valuations das ações estão baratos, mas precisam de um impulso. O JPMorgan manteve a recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para o Brasil dentro do portfólio da América Latina, ainda que tendo reduzido o preço-alvo do Ibovespa de 142 mil pontos para 135 mil pontos ao fim do ano, também traçando os cenários mais positivos e negativos para o benchmark da Bolsa. Já a XP manteve projeção de 145 mil pontos para o Ibovespa ao fim deste ano.
Ainda otimista, mas com uma certa cautela, o JPMorgan destacou sua lista de ações para o segundo semestre. Em primeiro lugar, existe a exposição a empresas que têm um fluxo de receitas em dólares ou que estão mais orientadas para as exportações. Estas incluem Suzano (SUZB3), Vale (VALE3), PRIO (PRIO3), o ADR (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) ERJ da Embraer (EMBR3) e a BRF (BRFS3). A outra estratégia é escolher ações com maior poder de geração de lucros e com valuations baratos. Exemplos são Itaú (ITUB4), Santos Brasil (STBP3), Natura (NTCO3), Marcopolo (POMO4), Energisa (ENGI11) e Arcos Dorados, que tem a operação do McDonald’s na América do Sul e Central.
O Morgan Stanley, em sua última carteira para a América Latina, destacou estar aumentando o risco em Brasil, apontando que o país está desvalorizado no mercado acionário e que notícias globais (com o provável início do corte de juros pelo Federal Reserve no segundo semestre) podem ajudar o Ibovespa (prefere o índice ao MSCI Brazil). Para um maior otimismo, os estrategistas do banco gostariam de ver “uma luz no fim do túnel” com relação ao fiscal.
O Morgan destaca gostar a) dos produtores de petróleo e gás Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3); b) de agricultura, composta por Santos Brasil (STBP3), Rumo (RAIL3) e Adecoagro; c) de tese da digitalização com Nubank (NYSE: NU), Mercado Livre (MELI34) e Totvs (TOTS3); e d) de bancos de varejo como Bradesco (BBDC4) e Itaú.
O BTG Pactual também apontou acreditar que o Ibovespa está atrativo e que já precifica perspectivas fiscais piores no Brasil e cortes mais lentos/menores nas taxas de juros dos EUA. Entre as ações preferidas para o semestre, estão a do Itaú, a operadora de shoppings Allos (ALOS3), Tenda (TEND3), Hapvida (HAPV3) e o BDR (Brazilian Depositary Receipts, recibo de ações de empresas estrangeiras negociadas na B3) da Meta Platforms, dona do Facebook e Instagram (M1TA34).
Com relação ao Itaú, o BTG reforça que o banco está passando pela transformação digital mais eficaz entre os bancos incumbentes, o que nos leva a acreditar que o seu ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) sustentável aumentará a diferença em relação aos seus pares, segundo os analistas. Já para a Allos, o banco vê que a administração fez um ótimo trabalho em termos de alocação de capital desde 2023 (cerca de R$ 2 bilhões em reciclagem de ativos, grandes dividendos, recompras, etc.), e há mais por vir desde que a Allos anunciou: (i) que poderia vender mais R$ 1 bilhão em ativos; (ii) que tem um novo programa de recompra de ações de cerca de 4% de seu valor de mercado; e (iii) que sua política de dividendos implica um yield (rendimento) de cerca de 6% para 2024.
Com relação à Tenda, o BTG tem uma visão otimista sobre a habitação de baixa renda devido às mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso, a companhia tem apresentado margens brutas ajustadas de mais de 30% nas novas vendas, e fomos positivamente surpreendidos pelos números do primeiro trimestre, com geração de fluxo de caixa
Sobre a Hapvida, a visão é de que a companhia tem muitas vantagens competitivas no setor de saúde suplementar, como escala, alcance geográfico, liderança de mercado (17% de participação) e um modelo verticalmente integrado. Como esses fatores devem superar quaisquer desafios de curto prazo (dificuldades de integração e maiores frequências), o banco segue otimista com a tese de investimento.
Com relação à Meta, os principais pilares na tese de investimento são: (i) sólida geração de caixa no segmento legado da companhia em anúncios on-line; (ii) crescimento das operações da divisão de Reality Labs, com foco no metaverso, realidade virtual e realidade aumentada; e (iii) novo ciclo de investimento baseado em inteligência artificial.
Olhando apenas para o julho, a XP destaca a lista de suas ações top 10: Banco do Brasil (BBAS3), Copel (CPLE6), Grupo Mateus (GMAT3), Iguatemi (IGTI11), Itaú, Petrobras, PRIO, Sabesp (SBSP3), Smart Fit (SMFT3) e Suzano.
Fonte: info Money