Inflação do Dia dos Pais é a menor em três anos, com preço de celulares em queda

A inflação do Dia dos Pais foi a menor dos últimos três anos, com produtos e serviços abaixo da média registrada nos últimos 12 meses, aponta levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Segundo o estudo, o aumento médio de uma cesta de 13 produtos e serviços foi de 1,96% no período de agosto de 2023 a julho de 2024, abaixo da inflação geral medida pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal), que no mesmo período registrou alta de 4,10%.

Cinema, livros e restaurantes apresentaram os maiores índices entre os produtos e serviços procurados na data e subiram 5,31%, 4,84% e 3,97%, respectivamente.

No cinema, a elevação dos preços é reflexo de uma recomposição pós-pandemia de Covid-19, período em que o setor ficou inoperante, diz Matheus Dias, economista do FGV Ibre. "O cinema depende do consumo presencial de bens e serviços", afirma.

Além dos efeitos da pausa pela pandemia, a alta dos gastos com mão de obra, aluguéis e custo para comprar e exibir filmes são fatores que explicam o aumento, de acordo com o economista.

O segmento de livros, por sua vez, vive os reflexos da alta do preço da celulose, um dos principais componentes do papel, e a mudança no perfil dos leitores, cada vez mais interessados em livros digitais. "Com o mercado de livros em formato físico diminuindo, os preços aumentam", afirma Dias.

O economista também destaca que a inflação sobre os preços dos alimentos, motivada pelas enchentes do Rio Grande do Sul, impacta os restaurantes. Segundo ele, a alta dos valores é repassada para os consumidores neste Dia dos Pais.

Por outro lado, celulares, computadores e instrumentos musicais puxaram o índice para baixo, com quedas de 4,16%, 2,66% e 0,72%, respectivamente, em 2024.

Dias afirma que um dos principais fatores que impactaram a baixa no preço dos celulares é uma menor demanda pelos aparelhos. "Os consumidores têm permanecido mais tempo com os smartphones, o que faz com que as vendas diminuam e o preço seja reduzido."

No setor de computadores e periféricos, a popularização de trabalhos remotos na pandemia trouxe um aumento na procura dos itens, pressionando os preços. Porém, segundo Dias, este momento acabou. "No mercado de trabalho, estamos vendo uma transição do trabalho home office para o híbrido", afirma.

Ele ressalta, porém, que as quedas de 4,16% no preço dos celulares e de 2,66% nos computadores podem não ser suficientes para impulsionar as vendas dos segmentos neste ano. "Como eles têm um preço mais elevado, tudo depende do orçamento que a pessoa que vai presentear tem. É natural que, se ela tiver se planejado, tenha mais recursos."

O economista também recomenda que os consumidores acompanhem promoções e peçam descontos à vista neste Dia dos Pais.

DIA DOS PAIS DEVE MOVIMENTAR MAIS DE R$ 7 BILHÕES, APONTA ESTUDO
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima que o Dia dos Pais deve movimentar R$ 7,7 bilhões em 2024, um aumento de 4,7% em relação à mesma data em 2023, com desconto da inflação.

Ainda de acordo com a projeção, as lojas de vestuário deverão liderar as vendas, com R$ 3 bilhões. Em seguida, os setores de produtos de perfumaria e cosméticos e de utilidades domésticas e eletroeletrônicos devem se destacar, com faturamento estimado em R$ 1,5 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente.

A CNC também estima que 10,4 mil vagas temporárias devem ser criadas para atender a demanda do Dia dos Pais de 2024. Se confirmado, este seria o maior contingente de trabalhadores temporários contratados dos últimos dez anos.

Os setores de hiper e supermercados, lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos e vestuário são os que mais devem empregar temporariamente na data. Os ramos devem oferecer 4,97, 1,73 e 1,68 mil vagas de trabalho, respectivamente.

Segundo Fabio Bentes, economista sênior da CNC, o Dia dos Pais, tradicionalmente, ocupa o quarto lugar das datas comemorativas do Brasil, atrás de Natal, Dia das Mães e Dia das Crianças. "É uma celebração em que o varejo inaugura a segunda metade do ano. Como o período concentra as comemorações mais importantes, a gente vê como um bom indício do que deve ser o encerramento de 2024."

A perspectiva positiva para este ano se deve a uma combinação de fatores favoráveis ao consumo, diz Bentes. "A expectativa se deve especialmente ao bom momento do mercado de trabalho. Não apenas o emprego, como também a renda, têm produzido indicadores surpreendentemente positivos."

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no segundo trimestre deste ano o número de desempregados recuou a 6,9%, o equivalente a 7,5 milhões de pessoas. O índice de ocupados com trabalho renovou o recorde da série histórica iniciada em 2012 (101,8 milhões) e a renda média habitual do trabalho chegou a R$ 3.214 por mês no período.

Produtos e serviços com aumento de preço:

  • Cinema: 5,31%
  • Livros: 4,84%
  • Restaurantes: 3,97%
  • Teatro: 3,32%
  • Relógio: 2,87%
  • Óculos: 2,74%
  • Show musical: 2,60%
  • Perfume: 2,55%
  • Calçados masculinos: 2,32%

Produtos e serviços com queda de preço:

  • Roupas masculinas: -0,30%
  • Instrumento musical: -0,72%
  • Computadores e periféricos: -2,66%
  • Celular: -4,16%

 

Fonte: Notícias ao Minuto