Com R$ 18 bilhões de subsídios, empresas mergulham na corrida do hidrogênio verde

A corrida do hidrogênio verde no Brasil está movendo empresas de vários setores da economia. Nesta quarta-feira (4), o Senado aprovou um pacote de subsídios de R$ 18,3 bilhões para acelerar as pesquisas do combustível. Um incentivo a mais para as companhias, que estão quebrando cabeça para produzir e dar escala para essa que é uma das principais apostas de energia renovável no mundo. Ser um dos pioneiros nessa área pode significar muito dinheiro – de dentro e de fora do país.

São pelo menos 23 iniciativas em estudo para geração de hidrogênio verde (H2V) no Brasil, segundo um estudo divulgado recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Estima-se R$ 188,7 bilhões em investimentos nos próximos anos na geração desse produto que não emite carbono – um bom substituto para os combustíveis fósseis, só que feito a partir de fontes renováveis (daí o “verde”).

O futuro é verde

De um lado tem a produção. A matéria prima do hidrogênio verde é água – algo cujo suprimento é infinito. Para fabricar o H2 (hidrogênio) a partir de H2O (água) você precisa de muita energia. E essa energia pode ser solar, hidrelétrica, eólica… Daí o interesse de geradoras como Auren e EDP nesse filão

 

É natural. Com pelo menos 85% da matriz elétrica formada por de fontes limpas, o Brasil tem potencial para se tornar um grande produtor desse combustível.

Ok. Mas aí tem o outro lado: quem vai comprar? Nessa parte, estamos assim: grandes indústrias como Gerdau e Braskem estudam como incorporar o hidrogênio verde em seus fornos e caldeiras – os principais equipamentos consumidores de energia de uma indústria, setor que, por sua vez, é o principal comprador de energia.

E simples não é. “O uso do hidrogênio verde pela indústria exige a adaptação dos equipamentos ou a substituição completa. Essa mudança implica em investimentos significativos”, pondera Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da Gerdau.

“O hidrogênio verde não é uma solução de curto prazo. Embora já exista uma tecnologia inicial, o mercado ainda precisa se formar. Ela poderá ser dominante no futuro, mas ainda há um longo caminho”, acrescenta Zylbersztajn.
 

O presente é verde-musgo

A produção de hidrogênio verde é novidade. Mas a de hidrogênio em si, não. A indústria de fertilizantes usa o gás como matéria-prima para a produção de amônia, que é a essência do adubo químico.

Fabrica-se 90 milhões de toneladas de hidrogênio por ano para esse fim. A diferença é que extraem a molécula não da água, mas de combustíveis fósseis (como o gás natural). É mais simples e barato, só que o processo emite CO2 a rodo. Um problema do ponto de vista ambiental.

O nome que dão a esse H2 sujo, por sinal, é “hidrogênio cinza”. E, sim, existem iniciativas para substitui-lo. Algumas delas vieram do Brasil. EDP e Eletrobras já começam a produzir um pouco hidrogênio verde em projetos-piloto. A Unigel, do setor químico, anunciou em 2022 o investimento de US$ 120 milhões na produção de amônia verde – feita a partir de hidrogênio verde. Mas, com a entrada da companhia em recuperação extrajudicial neste ano, a iniciativa foi paralisada. Ao InvestNews, a Unigel diz que está buscando parceiros que possam viabilizar o projeto.

Fonte: investnews