As recentes mudanças promovidas pelo Congresso Nacional no pacote fiscal do governo podem reduzir a economia esperada em até R$ 20 bilhões nos próximos dois anos. A análise é do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, que critica alterações como a exclusão de partes estratégicas do plano original, enviado pelo Executivo.,
Essa reavaliação ocorre em um momento de crescente preocupação sobre a saúde fiscal do Brasil, diante de um cenário internacional cada vez mais adverso e de pressões internas por medidas mais robustas.
O Que Mudou no Pacote Fiscal?
Retirada do Fundo Constitucional do DF
Uma das mudanças destacadas por Maílson é a retirada da proposta de alterar as regras de reajuste do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). Criado originalmente para custear segurança, saúde e educação no DF, o fundo continua sendo financiado pelo governo federal.
O economista destacou que essa situação remonta aos tempos em que a capital do país era no Rio de Janeiro. Segundo ele, atualmente Brasília é uma cidade com alta capacidade de arrecadação e riqueza, mas que ainda preserva privilégios considerados desnecessários.
Mudança no Combate aos Supersalários
Outro ponto que sofreu alterações foi a proposta de controle dos supersalários no funcionalismo público. A mudança original, que previa limitar os ganhos a partir de uma lei complementar, agora será tratada por uma lei ordinária.
Essa modificação enfraquece o alcance da medida, excluindo o Judiciário e o Ministério Público, setores onde, segundo Maílson, estão as maiores distorções salariais.
Redução na Economia Esperada
Com as mudanças aprovadas, a economia fiscal projetada para os próximos dois anos caiu de R$ 89,8 bilhões para cerca de R$ 69,8 bilhões, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. A diferença de R$ 20 bilhões reflete o impacto das concessões feitas durante as negociações no Congresso.
Contexto Internacional: Cenário Menos Favorável
Mudanças no Exterior
O cenário global também contribuiu para a piora da situação fiscal. Desde outubro, o fortalecimento do dólar e a alta dos juros nos Estados Unidos e Europa têm dificultado a vida de países emergentes, incluindo o Brasil.
Três Desafios Fiscais: Juro, Inflação e Dólar Altos
Maílson da Nóbrega alerta para o que chama de “três cavaleiros do apocalipse” da economia brasileira: juros elevados, inflação alta e um dólar que pode ultrapassar os R$ 6 em um futuro próximo.
Ele enfatiza que o governo precisa adotar medidas estruturais para reverter a tendência de crescimento da dívida pública em relação ao PIB.
Propostas de Ajuste
Entre as medidas sugeridas pelo economista estão:
- Revisão da isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil;
- Desvinculação do salário mínimo das aposentadorias e pensões;
- Fim da indexação obrigatória para despesas com saúde e educação.
- Porém, ele reconhece que essas ações vão de encontro às bases ideológicas do atual governo, o que dificulta sua implementação.
Consequências para o Futuro
Custo Político e Econômico
As mudanças aprovadas pelo Congresso podem ter desdobramentos políticos e econômicos significativos. Ao abrir mão de medidas mais rigorosas, o governo pode enfrentar uma deterioração ainda maior na confiança do mercado e nos indicadores macroeconômicos.
Reflexos no Cotidiano
Para o cidadão comum, as consequências podem incluir:
- Manutenção de juros elevados, dificultando o acesso ao crédito;
- Alta persistente na inflação, especialmente em alimentos;
- Desvalorização do real, encarecendo produtos importados e combustíveis.
Considerações finais
O pacote fiscal aprovado pelo Congresso, apesar de representar um avanço parcial, perde força devido às concessões feitas durante sua tramitação. O impacto potencial de até R$ 20 bilhões na economia fiscal é significativo, especialmente em um contexto de crescente pressão por ajustes mais robustos.
Fonte: seucreditodigital