Ibovespa a 150 mil pontos? Os próximos eventos que podem levar índice a novas máximas

Pela 16ª vez em 2025, o Ibovespa renovou recordes na última terça-feira (28) e fechou aos 147.428,90 pontos, alta de 0,31% em relação ao pregão anterior. Com isso, foi a primeira vez na história em que o índice bateu os 147 mil pontos no fechamento.

Desta forma, o benchmark da Bolsa se aproxima cada vez mais dos 150 mil pontos, o que inclusive é a projeção de muitas casas de análise para o fim deste ano.

E um bom catalisador para o Ibovespa nas próximas sessões deve ser a decisão de juros do Federal Reserve, na tarde desta quarta-feira (29), mais precisamente às 15h (horário de Brasília). A projeção é de redução de 0,25 ponto percentual nos juros, para a banda entre 3,75% – 4,00%.

Além disso, também no radar do mercado, está o possível acordo entre os presidentes Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) na quinta-feira, quando devem se reunir – o que deve balizar mais fluxo para a renda variável.

“Com o entendimento de que o Federal Reserve (Fed) deve novamente cortar os juros na reunião de amanhã, investidores estrangeiros tendem a aumentar alocação para mercados emergentes”, avalia o head de renda variável Gustavo Bertotti, da Fami Capital, cravando que o fluxo externo tem grande peso no comportamento da Bolsa brasileira.

Já a postura recente de Donald Trump, com falas mais amenas e que prezam pela negociação, inclusive com o governo brasileiro, criam a expectativa de um acordo comercial, acrescenta Bertotti.
 

Para Fabricio Voigt, economista da gestora de patrimônio Aware Investments, a forte valorização do Ibovespa, que se aproxima da marca dos 150 mil pontos, sugere uma mudança nas expectativas de risco e retorno para o mercado de capitais brasileiro.

“Mesmo com a Selic em níveis elevados [a 15% ao ano], os investidores começam a precificar um ciclo de corte de juros nos próximos trimestres, sustentado por projeções de desaceleração da inflação, melhora gradual das contas públicas e com recentes resultados corporativos mais consistentes. O cenário de revisões positivas de crescimento e a percepção de maior previsibilidade na política econômica têm reforçado o apetite por ativos de risco”, aponta o especialista.

Voigt também ressalta que o fluxo financeiro estrangeiro melhorou, resultado de um dólar mais enfraquecido com as expectativas elevadas de novos cortes de juros nos Estados Unidos. Soma-se a isso uma recuperação recente nos preços das commodities.

Para ele, tecnicamente, o patamar dos 150 mil pontos configura uma resistência relevante. “Ultrapassá-lo parece factível, mas a estabilidade acima desse nível necessita da permanência destes fatores e da consolidação definitiva deles. O foco do mercado seguirá no acompanhamento da disciplina fiscal, estabilidade inflacionária e no ambiente externo se manter favorável. Essas seriam as bases necessárias para consolidar de maneira estrutural o otimismo com mercado acionário brasileiro”, avalia.

Marcos Vinícius Oliveira, economista e analista sênior da ZIIN Investimentos, também aponta que a visão de que o corte de juros nos EUA e a melhor relação entre Brasil-EUA e Brasil-China favorecem os mercados domésticos. Mas, além disso, o cenário também é sustentado pela temporada de balanços corporativos.

Já no câmbio, o dólar ronda os R$ 5,35. “O real tende a se valorizar na segunda quinzena do mês, à medida que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos aumenta, já que o Fed deve reduzir a taxa enquanto a Selic permanece em 15%. Esse diferencial favorece a entrada de capital estrangeiro, o que tende a fortalecer a moeda brasileira”, aponta Oliveira.

Além disso, o ambiente de menor pressão tarifária e os avanços em acordos comerciais entre Brasil e Estados Unidos contribuem para um cenário mais favorável tanto à Bolsa quanto ao câmbio. “Mantido esse contexto e sem grandes surpresas, o movimento positivo do Ibovespa deve continuar até o fim do ano, enquanto o dólar segue perdendo força frente ao real”, conclui o analista.

 

Fonte: Info Money